terça-feira, 11 de março de 2008

Lyon

Nasci em França, em Setembro de 1975, nos arredores de Lyon. Da minha infância guardo ternas memórias de Saint-Fons, pequena vila onde cresci e estudei até terminar o ensino secundário. Com a entrada para o ensino superior, fui estudar comercio internacional para uma das mais antigas escolas superiores da região Rhône-Alpes, "La Martinière Terreaux", situada no centro de Lyon no bairro da Presqu'île. Foi nessa altura que verdadeiramente descobri os recantos da magnífica segunda maior cidade de França, a sua história, os seus segredos, a sua alma. A confluência dos rios Rhône e Saône, no coração da vila, dividem Lyon em três áreas: a margem direita do Saône alberga a Velha Lyon, com os seus famosos quarteirões de Saint-Jean e Saint-Paul, onde o gótico se mistura ao romanesco por entre calçadas, praças e ruelas. A majestosa colina culmina, no Belvedère, com a Basílica de Notre Dame de Fourvière, o Teatro gallo-romano e o Odéon, acessíveis através de um dos mais antigos elevadores do país, o funiculaire, ou "ficelle" como ainda hoje é apelidado pelos locais. Sem dúvida o bairro mais poético, pitoresco e inspirador de Lyon. A parte central da cidade estende-se desde a gare de Perrache até ao bairro de Croix-Rousse; esta estreita faixa de terra entre rios é denominada de Presqu'île. Edifícios administrativos, praças e comércios, museus, universidades: estamos no centro nevrálgico da cidade, em constante efervescência num borbulhar de gente, qual pulsação da metrópole. A gastronomia regional revela todos os seus contornos nos afamados "bouchons lyonnais", pequenos restaurantes escondidos entre vielas e traboules. Após a década de sessenta nasce um novo pólo na rive gauche do Rhône: com a sua moderna estação ferroviária, novas acessibilidades, a construção de um enorme complexo comercial e a implantação de grandes multinacionais, a Part-Dieu transforma-se rapidamente no novo pulmão empresarial da cidade.

Lyon bela e romântica, as suas pontes e os seus cais, as suas esplanadas e as suas fontes. Lyon vestida de seda, eterna cúmplice de Guignol; mesclada de cores e gente, fiel ao seu passado e mais viva que nunca, no presente. Recordo a atmosfera desta cidade com uma profunda nostalgia e sempre que lá volto sinto-me de novo em casa, no aconchego do meu berço. Amo-te, Lyon.
Imagem: Guignol, le gône de Lyon

sexta-feira, 7 de março de 2008

Josi

Algumas pessoas cruzam nosso caminho de forma inesperada, e marcam nossas vidas para sempre. Em Abril de 2003 viajei até ao Brasil, na companhia de dois amigos. Planeamos duas semanas de férias, com uma passagem no Rio de Janeiro e extensão da viagem até ao estado de Santa Catarina, onde os meus companheiros de viagem têm raízes, amigos e familiares residentes. Foi então que conheci a Josi e o seu marido Teomar. Ela tinha perto de 25 anos nessa época, um sorriso franco, um olhar sincero, um ar discreto mas jovial que me despertou simpatia imediata. A Josi estudava agronomia e estava próxima de concluir a formatura. Trocámos ideias, experiências e estabelecemos paralelismos entre os nossos distantes continentes; ela sonhava em conhecer a Europa, eu estava maravilhada com a minha primeira viagem à América do Sul. Os temas de conversa pareciam inesgotáveis, assim prometemos manter contacto, e foi a muito custo que me despedi desse casal tão simpático. Pouco depois do meu regresso a Portugal começamos a trocar correspondência electrónica, cartas, fotografias. Em pouco tempo nasceu uma profunda amizade entre nós, agrementada de muitas surpresas, confidências e partilha de emoções. Em 2007 finalmente o sonho de Josi concretizou-se: ela e Teomar viajaram até Portugal e fizeram um Inter-Rail pela Europa, o nosso reencontro foi uma felicidade.
Hoje a Josi é engenheira agrónoma, empresária de sucesso; é uma pessoa profundamente boa, justa, uma amiga que eu admiro e acarinho.

A amizade ultrapassa o espaço, o tempo, as fronteiras. A Josi é uma flor no meu jardim. Eu sei que nos voltaremos a abraçar.

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